Quem tem Ana ou Mia quase sempre está acompanhado da famosa depressão. Sempre que me sentia triste não pensava em depressão, achava que era apenas uma tristeza momentânea, e é engraçado, antes de perder peso e ser uma pessoa considerada magra eu tinha uma autoestima mais alta e acho que existiam momentos onde eu gostava de mim.
Já nos dias presentes eu percebi que a Ana e a Mia andam comigo, existem, mas a depressão é mais forte, na verdade, ela é tão presente que uma simples ação que eu tenha que exercer me faz pensar infinitas coisas e motivos pelos quais eu não deveria fazer ou existe alguém que pode fazer isso, mais ou melhor que eu.
Confesso que engordei e por isso vim escrever, para documentar o nojo que estou sentindo de mim e pela fraqueza que me acometeu em deixar que meus desejos e compulsões fossem mais fortes do que minha vontade de estar magro, mas eu vou mudar isso, se eu já perdi mais de 30, posso voltar a perder pelo menos uns 8 (que é minha meta no momento). Mais dedo na boca se eu comer besteira, NFs mais longos, mais tempo em casa e menos na rua, e se caso eu não conseguir miar, os laxantes irão ajudar, tudo isso vai colaborar para que eu perca esse peso.
Também queria contar sobre como é o meu caso de depressão, eu nunca fui diagnosticado com a doença, afinal, nunca tive coragem de ir a um psicólogo e "conversar" como dizem, e para ser sincero, não acredito na cura. Eu sofro diariamente com a minha aparência, sofro mesmo, tenho crises de ansiedade das quais quero voltar para a casa, vontade de chorar que me fecha a garganta assim que me comparo a um estranho na rua, sinto vontade de ser invisível em locais públicos, me privo de programas sociais, tenho quase 0 amigos, aos poucos eu vou morrendo por saber que eu terei de ser eu o resto dos dias que estiver vivo, me mata saber que nunca serei quem eu quero ser ou que nunca serei outra pessoa.
Vivo a base de comparações, aquele é mais bonito, aquele é mais inteligente, aquele faz coisas melhor do que eu, aquele está mais feliz do que eu, aquele tem o que eu não tenho, aquele é o que eu não sou, aquele está onde eu não estou. E nessas horas eu percebo o quanto dói, dói de graça, sem força, sem esforço.
Não sei se já contei, mas minhas inseguranças me assombram diariamente. Nasci na década de 90, ou seja, hoje eu já posso ter mais de 18 anos, pensem que nesse tempo eu nunca tive o meu primeiro beijo, nunca namorei ou tive minha primeira relação, é estranho, já que pessoas muito mais jovens que eu já estão até sendo pais, ou casando. Por não ter autoestima, nunca acredito que é possível alguém se interessar por mim, sou sempre pouco (nisso eu acredito, pois eu vejo), vejo meu corpo marcado por estrias, pele flácida, um corpo sem forma, longe dos padrões que as pessoas desejam, e é a realidade do mundo.
Nestes últimos dias, com todas as festas do feriado de Carnaval, passei por uma situação bem ruim, e só quero poder falar em algum lugar, mesmo que ninguém esteja lendo. Carnaval é uma época do ano que eu adoraria se eu fosse uma pessoa atraente, mas sendo feio e tendo um corpo horrendo me faz detestar com todas as minhas forças, já que estes dias festivos apenas servem para aumentar o culto ao corpo e enaltecer pessoas com beleza estética. Eu não as culpo, elas merecem ser felizes, se nasceram bonitas, elas tem mais é que aproveitar e mostrar para todos. Mesmo que isso me faça querer morrer, literalmente, por não fazer parte deste grupo.
Fui para um desses Blocos e foi a pior experiência que pude ter, eu tentei passar por cima de tudo, mas não deu certo. Comecei a ver tantas pessoas bonitas, lindas e eu lá no meio perdido, eu queria gritar, chorar, desaparecer, como me arrependi... A realidade chegou rápido em mim quando percebi que eu não era nenhuma daquelas pessoas que admirei por instantes, que eu sou eu, e terei de morrer sendo este lixo, saí da minha zona de conforto que já não é confortável para me fazer sofrer, definitivamente não mereço estar estar aqui, toda e qualquer situação pela qual eu passo, mesmo que seja simples ou para ser divertida me faz pensar além.
Talvez meu maior problema seja ainda estar consciente, porque nada que eu penso ou escrevo aqui está fora da realidade. E apesar de não existir negação também não existe aceitação, eu nunca irei me aceitar e nem quero, tenho nojo do meu eu, eu quero ser outra pessoa, sabendo que isto não vai acontecer, me darei mais algum tempo para parasitar, eu e minha existência insignificante, feia e sem valor.
Torço para que chegue o dia que eu seja corajoso, muito corajoso para me deixar descansar, livrar minha mente de pensamentos ruins e então não pensar em mais nada, nem nos outros, nem em mim.
Palavras tao bem colocadas. Que incrível essa sintonia de colocações com sentidos tao reais. Poderia virar citações...
ResponderExcluirSeu texto grita. Grite mais. Amei.s2
Olá,
ResponderExcluirLi todo o texto. Não existe, isso que procuramos nunca iremos encontar! NÃO EXISTE PERFEIÇÃO! .Somos bombardeados com modelos utópicos de corpo, rosto, perfeitos. É cruel, um padrão que nem os próprios "modelos " usados pela mídia, não podem alcançar. Há muito fotoshop, maquiagem, edição, ângulo. ..
Vamos continuar sofrendo e maltratando o nosso ser , que já é violentamente oprimido, se buscarmos a ilusão de ser uma pessoa perfeita. Eu te desejo muita luz, que você possa ser mais gentil consigo mesmo, entender as suas necessidades reais, que perceba a obra valiosa e impossível de se replicar, a existência única em todo o universo, que você é!
Olhe mais para dentro, menos para fora. Veja com os olhos da amplitude, da vastidão, não limite tanto sua existência. Não sobrecarregue tanto o seu ser. Respeite a si mesmo. Ouça a si mesmo. Separe o essencial do fútil. Use todo o potencial que tem, você pode realizar feitos incríveis! Permita-se. Por favor pare de bloquear a sua vida. Desejo a você muito amor, por si, pela vida.
Sempre fui a amiga feia e me sentia também assim nos lugares. Na minha adolescência só conheci pessoas graças à internet, onde eu me convenci que meu interior poderia ser apaixonante, e só precisaria consertar o exterior. Maquiagem, roupas, cabeleireiro, tudo na tentativa e erro. Mas pra tentar você precisa acreditar pelo menos um pouquinho que há solução. E se permitir. Isso significa não adotar *atitudes* que possam afastar as pessoas. Para mudar minha postura eu tentava esquecer tudo que eu achava sobre mim e meu corpo e fingir que eu era aceitável e agir de acordo. Não existem pessoas tão horríveis que 100% da humanidade quer distância. A verdade é que gente feia transa também, e tem prazer na vida. E a idade vai levar a beleza de todos. A vida pode ser bem mais do que a adaptação a um padrão estético.
ResponderExcluirOi Drella, tudo bom?
ResponderExcluirLi o seu comentário, respeito muito sua opinião e suas palavras. Só queria contar um pouco para você que consigo perceber nas suas frases que hoje em dia você é alguém motivada, isso é ótimo, acolhedor e te faz querer mais da vida.
Aqui costumo muito falar de mim, das minhas sensações, não sei se estou errado, espero que não, porém, me faz questionar um pouco: "Não existem pessoas tão horríveis" aos olhos de quem? Por quem? Para quem? Já que precisamos viver para nós não para os outros, o que é deveras real hipocrisia deste mundo, a humanidade que você diz é enorme, somos milhares, não convivemos com 1%, dentro desta porcentagem existe todo o resto. "Gente feia também transa", e não me comove, muito porque, acredito eu, que feias ou bonitas, elas não tenham olhos para esses tipos de problemas, tem um pouco de auto estima, vontade de viver, coragem e são bem resolvidas, talvez você tenha percebido, não sou eu, não sou comovido pelo alheio. "A idade vai levar a beleza de todos", apenas para quem deseja viver muito. "A vida pode ser bem mais do que a adaptação a um padrão estético", é aí que eu te admiro, viva, viva feliz, fora de qualquer padrão, seja você, bonita, feia, magra, gorda. O padrão que você citou é minha liberdade, porém, é algo que não terei. Perceba, não existe solução para quem não quer ou está aprisionado, quem quer, finge como você ser aceitável e age de acordo. O mundo já finge tanto, eu não finjo, prefiro ser honesto para/com a realidade, fingir é esforço demais, e não é preguiça, é veracidade. Beijos, se cuida.